segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Frenético

Um sobressalto. Acordo suado, mesmo com o ventilador de teto no máximo. O tempo é quente, mas há vento lá fora, as janelas estão abertas e o ventilador traz o refresco. Mas estou pingando de suor e meu corpo está tão aquecido como da última vez que estive contigo.
Eu tento esquecer o quanto posso. E até consegui. Há dias não pensei em você e só me dei conta disso antes de dormir ontem, porque fazia dias que eu não tinha aqueles 20 minutos diários de paranoia em me imaginar contigo, em projetar o futuro, em te abraçar e beijar ou em pelo menos tentar prever sua reação ao me olhar, e eu fico imaginando que você vai me querer, vai ficar surpresa ou pelo menos me admirar com um sorriso no rosto e o coração batendo forte.
"E eu sei que se eu tornar a me deitar não vou pegar no sono
nem tão cedo. Vou embolar bastante na cama..."
Ah... maldita hora em que imaginei. Nem lembro o que sonhei, mas deve ter sido um pesadelo aterrorizante ou um susto muito grande, do tipo que se cai de um precipício. E eu caí. Eu me joguei sem paraquedas no precipício de estar contigo e me esborrachei no chão. Mas sabe o que é o melhor, ou o pior (não sei, você decide)? É que eu não desisto! Eu me quebro todo, mas acabo voltando ao penhasco e me jogo mais uma vez. Você bem sabe como eu sou teimoso, vivo quebrando a cara, mas não desisto e enquanto subo ao penhasco as dores da cara quebrada vão aliviando, só pra eu cair e quebrar de novo! E eu tento muito, você não faz ideia, mas tento muito esquecer você, mas qualquer coisa que eu olho me lembra você! Um casal de velhinhos na rua, crianças brincando (lembra o dia que fomos andar no parque?), aquela floricultura ou aquele restaurante pequeno e aconchegante, as muitas canções que cantamos juntos, os shows e filmes que assistimos, e mesmo as brigas que tivemos. Isso tudo tá guardadinho e eu faço tanta questão de esquecer como faço de guardar em mim. E ainda as fotos e vídeos, os textos, a carta que você me mandou quando viajou! Caramba! Eu até hoje quero rasgá-la com o maior gosto, mas quando seguro-a nas mãos, toda a fúria se dissipa, eu dobro a carta e guardo de volta. E as fotos? Gravei uns 4 DVDs e ainda fiz backup na internet. E eu escondi os DVDs justamente pra não ter a mesma reação que tenho ao olhar para a bendita da carta.
Enfim, fui tomar uma água, mas por mais gelada que estivesse, desceu queimando e travando a garganta. Fui olhar a rua, na vista da varanda. Noite quente, porém ventilada, rua vazia, fracamente iluminada, sem um pé de gente nem som de carros ou de vizinhos fazendo festa. Fui olhar pro nada e tentar esvaziar a mente, pensar em qualquer coisa.
Não adianta. Eu poderia ligar a TV que esse efeito só duraria pouco tempo. Em breve as lembranças voltariam. Você se tornou meu maior sonho e meu pior pesadelo. E eu sei que se eu tornar a me deitar não vou pegar no sono nem tão cedo. Vou embolar bastante na cama, mas mais do que isso, por dentro eu estou me matando por te querer e querer esquecer e te querer mais e querer esquecer mais. Quanto mais eu tento mudar minha mente mais frenético eu fico, mais o meu interior explode, e por mais que eu lute pra aparentar que por dentro está tudo calmo e ok mais os pensamentos vão e vem! Estou enlouquecendo, creio até que enlouqueço de verdade, e sei que só se eu pegar no sono eu esquecerei, porque aí eu vou esquecer até de mim mesmo.
Mas não adianta.
Eu quero agora.
Eu quero você agora.


Muse - "Hysteria"

Um comentário:

  1. Parabéns Phil!
    Conseguiu a grande proeza de escrever o texto na métrica do 5GDM.
    Só não pode ocupar o meu lugar! hehehehe

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