segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Aquela dose de pessimismo que a paixão causa

O que eu deveria fazer? Esconder e fingir que tá tudo bem? Certo, não sei fazer isso. Talvez eu seja aquele cara que esquece a chave em casa, o dinheiro no banco, o moleque que não quer ser homem. Sou mais eu quando estou com você, mas eu sei, tá cedo ainda né? E falando nisso, que horas são mesmo? Tá na hora de eu voltar para o meu Breaking Bad e acabar logo com essa ilusão de que com você vai ser diferente. Eu sei que sou muito pessimista e que eu deveria explicar melhor o que quero propor com esse texto porque o leitor não está entendendo nada. Mas eu sou assim mesmo, entende? Encho o texto de ponto de interrogações e depois termino como se não tivesse escrito nada. Vai entender não é? 
"E eu percebo que quanto mais velho mais inseguro me torno"

Se fosse pra falar sério eu teria dado play na primeira música deprimente do meu computador e descarregado essas palavras em canções e não em crônicas pessimistas sobre relacionamentos. Preciso daquela coisa que as pessoas chamam de êxtase. E com o tempo eu entendi que todos tem, só não usam. Prefiram o extra, mas observe, êxtase e extra podem soar parecidos, mas são diferentes. Combinamos de nos encontrar certo? Pode até ser um encontro bacana mas eu sei que no final não vai dá em nada. Desculpa, mas eu sei. Já vivi isso. "Mas ela é diferente" - é o que minha mente diz. Mas eu já fui enganado por ela. Dizem que quando somos enganados uma vez, demora pra voltarmos a confiar. E eu sei também que as mensagens vão continuar chegando feito tiros complexos dados no escuro, mas o alvo é sempre a distração. "Pouco a pouco o coração vai perdendo a fé". É o que diz a música que mesmo cantada em outra língua, dá pra sacar a essência pessimista que é a paixão. E eu percebo que quanto mais velho mais inseguro me torno. É isso que a paixão faz com um ser humano: acaba. Nos mostra quão inúteis somos e incapazes de superarmos as próprias crises internas para transformar esse sentimento em algo mais sólido. 

Sabe: é ter que sorrir pra não admitir que está carente. Enganar a si mesmo na frente dos amigos e na madrugada ouvir aquelas canções bad e imaginando o quão bom seria se ela tivesse do lado. Mais encontros vão acontecer, posso ter certeza disso, mas meus pensamentos vão estar sempre com a vibe suspeita pra não se apaixonar outra vez. E lembrei: a última vez que me senti assim foi com alguém que nem um encontro permitiu que tivéssemos. Droga! Agora eu vou desacreditar num encontro que, mais uma vez, eu mesmo marquei. Eu deveria enterrar minha cabeça no buraco mais próximo ou colocá-la no congelador da minha geladeira e esperar a morte? Sorte a minha de não ser normal. E "a gente nem ficou" e eu já estou com aquele frio(zinho) na barriga de "será que ela gostou de mim ou só fingiu?". Deveria acabar com isso e ir ler um pouco. As aulas começam em breve e eu aqui, trabalhando sem ganhar um real. Mas eu preciso disso: video-game, música e café com leite. É, eu sempre preciso de algo novo todos os dias. Enquanto isso eu vou me preocupando com os outros encontros que ainda não existe nem em minha mente (ham?). Talvez eu esteja apressando demais as coisas, mas sabe como é né? É paixão...

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Nem a carência me aguenta mais

Talvez eu seja mesmo esse cara encalhado, carente e "na minha" como meus amigos dizem. Se eu vou ficar pra titio? Não, isso eu já sou. Mas talvez eu vá ser aquele cara chato que vai sempre acender vela para os casais mais próximo, se é que você me entende. O mais chato, tipo deprimente, nessa minha fantástica história é que eu sempre me dou mal. Faço planos, luto para conquistar a garota e no fim, sou recompensado com um "não te quero mais". Se é chato ter que lembrar disso? Sim e muito. Mas fazer o quê: isso é o que sou. Possa ser que confessando amenize a pena do meu pecado. Porém, o pior disso tudo não é nem meu estado vegetativo de carência, mas todas as minhas decisões erradas que me trouxeram até aqui. Terei que lembrar todas as vezes que for prometer algo pra alguém que, um dia prometi n's coisas pra uma pessoa e não cumpri. Pessoas inúteis só fazem promessas inúteis, mas quem confiou discorda de mim. Não tiro a razão dela pois eu também ficaria puto. Eu me conheço bem, sei que minhas falhas e minha pouca paciência são as piores assassinas de motivações amorosas. Sei que minha insegurança fala por si e divide sua vaga com o ciúme. Amadureci, tenho certeza disso, mas isso não é o suficiente para que eu afirme que estou pronto pra outra. Primeiro: eu preciso ter consciência do que estou fazendo e de como estou agindo. Obviamente que não tenho nenhum desses atributos necessários. Eu não sei lidar gente! 
"O que eu preciso é de extras"

E aquela história lá de "quando eu tiver meu filho vou ensiná-lo a gostar de Switchfoot como eu"? É meio sem nexo né, já que eu ainda não encontrei a mãe do cujo. E cá entre nós, ninguém nunca sonha que terá um filho com uma gata e depois se separar dela. Bom, ao menos eu não. Quero que só a morte nos separe. Subo lá no Torre Eiffel se for preciso para jurar amor eterno. O que eu preciso é só de um "Era uma Vez" pra poder dizer 'Felizes para Sempre". Vai parecer careta, eu sei, mas eu sou daquele tipo de pessoa que acredita que existe uma pessoa para cada pessoa nesse cosmo, entende? Cadê a minha então? Não sei, talvez ela esteja lendo isso agora, ou não...

Enquanto os pontos não se ligam, eu vou escrevendo besteiras na madrugada e pensando nos casais que estão por aí se amando e falando besteiras. Vão me dizer que eu preciso sair mais, conhecer novas pessoas, fazer amizade e tal. Queridos, eu não estou me candidatando a presidente da República. O que eu preciso é de extras e esses extras podem estar bem do meu lado. Ou não, sei lá, talvez a massa esteja certa, eu preciso realmente "fazer amizades", mas eu sou meio bicho do mato entende? Tenho aquele complexo'zinho de me relacionar com seres humanos, que só em estar com meu cachorro, já me sinto seguro. 

- Ué, já acabou? Que texto curto!
É porque nem a carência me aguenta mais.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Playlist: Garçom, liga o Jukebox aí por favor!


Opa!
Hoje é dia de Playlist.
Depois de eu ter ido ao show do A-ha, fiquei inspirado pra ouvir música antiga, e acabei reencontrando um canal no Youtube que é fantástico! Se chama Postmodern Jukebox e você pode conferi-lo aqui.

O PMJ (como também é chamado) é uma iniciativa de Scott Bradlee. Scott nasceu em 1981, se apaixonou pelo jazz ainda na adolescência e daí por diante seguiu descendo a mão nos pianos da vida. Chegou a dirigir alguns espetáculos off-Broadway, mas na busca por inspiração criativa, começou a brincar de reescrever música pop em temas antigos. Em 2012 saiu um vídeo importante, que dá início à nossa playlist e à carreira internetástica de Scott (com uma mãozinha do Reddit :D ). Não bastasse isso, Scott foi chamado pra colaborar na soundtrack de um certo jogo com quatro de seus covers de estilo vintage. Ah, quer saber qual jogo? BioShock Infinite. É mole?

Na verdade, você vai descobrir que mesmo se você não gosta de pop (como eu gosto bem pouco) agora vai ter uma desculpa pra gostar de tais canções... mesmo que numa versão diferente, rs. O fato é que é algo totalmente excelente, inovador e incrível e é melhor eu parar de falar e você começar a ouvir. Vamos lá?

Scott Bradlee's Postmodern Jukebox


Começando com o vídeo que podemos dizer que deu o start no Postmodern Jukebox. Scott já tinha subido outros vídeos antes desse (muito bons, por sinal) mas quando ele juntou um grupo de amigos musicistas pra fazer essa brincadeira, a zoeira acabou passando dos limites! Reescreveram How You Remind Me do Nickelback num estilo Motown. O resultado? Aqui embaixo. Gerou 1,5 milhão de views até o presente momento!

A Motown Tribute to Nickelback

A próxima é a canção que me fez descobrir o PMJ! Um abraço pra minha amiga Samile que postou isso algum dia no twitter, o que me fez rir não só porque era totalmente inusitado como também a cantora (Kate Davis, que não só canta maravilhosamente como ainda toca baixo -- aquele baixo clássico, grandão) é parecida com a própria Samile. Ah, pequeno detalhe: o vídeo alcançou 8 milhões de visualizações em 3 meses. Somente. Então, curte aí All About That Bass.

All About That [Upright] Bass feat. Kate Davis

O que eu acho mais incrível é que Scott e cia. LTDA fazem um trabalho tão legal que acontece até mesmo dos próprios autores originais recomendarem os covers dele. E, quem diria, a Lorde mandou pra galera que o cover de Royals favorito dela era justamente do PMJ. Fui ver... e quase tomei um susto quando um cara do tamanho de um guarda roupa vestido de palhaço entra em cena. Daí o cara abre a boca e meu queixo cai... que tal? O sujeito grandalhão é Michael Geiger que criou o personagem chamado Puddles, o palhaço triste com uma voz dourada. É simplesmente sensacional. Confere aí, vai.

Royals - "Sad Clown With the Golden Voice" version

Num outro vídeo entra em cena um garoto, Von Smith. Ele surgiu durante as audições do American Idol de 2009 mas foi eliminado nas semifinais do programa. Aos poucos o rapaz foi se apresentando aqui e ali, até abrir um show de Lady Gaga. Bem, o moleque foi chamado pelo Postmodern Jukebox para interpretar Rude, do Magic!, que todo mundo já ouviu. E daí eu fiquei pensando se na verdade a música era antiga e o Magic! fez uma reedição, porque ela realmente parece ter uma alma antiga...

Rude feat. Von Smith

Por falar em Lady Gaga, sobrou pra ela também! Mas aqui tem um detalhe interessante: além do vocal (lógico), chamaram Sarah Reich, que é sapateadora. Quando olhei a thumbnail do vídeo (a imagem do video que aparece na busca do youtube) achei esquisito, mas quando escutei parece que fez todo sentido, Bad Romance num estilo Ragtime Gatsby ficou incrível. Se liga!

Bad Romance feat. Ariana Savalas & Sarah Reich

Agora, peraí... quem nunca ouviu, dançou, curtiu ao som de Hey Ya! que me atire a primeira pedra -- a menos que tenha nascido a menos de 12 anos, então fica desobrigado rs. Na verdade, esse cover é totalmente diferente da original. Oooooh, claro, todos são. Mas eu quero dizer que a gente tá tão acostumado com o ritmo dance da original que eu particularmente estranhei o começo do cover, que é bem lento (convenhamos: agora você pode entender o que é cantado! haha!). Mas Sara Niemietz cantou com tanta alegria e o arranjo de Scott é tão belo que não tem como ouvir e não sorrir! Ouve aí essa reedição de um CRÁSSICO do Outkast.

Hey Ya! feat. Sara Niemietz

Esse é mais um que eu ouvi e fiquei em dúvida se a banda pela qual conhecemos a música não a pegou de outro artista antigo. Miche Braden honra a tradição melanina-power que eu tanto amo (e carrego na pele, haha) com aquela super voz que parece que só as marrons tem! Alcione que o diga... mas o fato é que Sweet Child O' Mine fica parecendo uma daquelas canções clássicas, tocadas nos antigos bares e cafés do sul dos Estados Unidos. Ê lasquera...

Sweet Child O' Mine feat. Miche Braden

O próximo é um que eu confesso que fiquei espantado (pra não dizer assustado). Na boa, eu me arrepiei todo. E eu não gosto de Britney Spears, exceto pra fazer piada. Cara, Haley Reinhart tem uma voz rasgada e aveludada ao mesmo tempo, canta de uma maneira sensual, não sei explicar. Não digo nada, apenas confira.

Oops!... I Did it Again feat. Haley Reinhart

Sobre a próxima canção, agora eu fiquei com uma dificuldade imensa de escolher a versão que eu mais gosto. Eu sou fã de Green Day, entenda-se que eu já escutei toda a discografia deles. Mas essa reedição com Maiya Skyes na voz tem tanto soul, tanta tristeza (que a música pede, na verdade) que Boulevard of Broken Dreams começa a fazer muito sentido nessa versão... sentido demais da conta :'(

Boulevard of Broken Dreams feat. Maiya Skyes

E Haley Reinhart ataca mais uma vez! Com uma voz tão sensual quanto a versão de Oops... I Did it Again! ela me transporta pro universo de Nova Orleans de novo. E com uma música que já foi feita por um cara altamente talentoso, mr. Jack White do White Stripes! Esse Scott Bradlee é o cara, eu só sei dizer isso, haha...

Seven Nation Army feat. Haley Reinhart

Confere lá no canal deles que tem muito mais coisa: Katy Perry, Imagine Dragons, Robin Thicke, Coolio, Beyoncé, Carly Jae Repsen, Radiohead, Rihanna, Taylor Swift, etc etc etc etc! Eles também estão disponíveis no iTunes se você quiser comprar alguma(s) música(s) deles.

Por último mas não menos importante: o Postmodern Jukebox está no Spotify já tem um tempo! Siga-o agora ou um piano vai cair na sua cabeça!

Abraço forte!
Vlw flw :)

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

"Eu não considero minhas canções como sendo pessimistas, elas são realistas" - Entrevista: Lay Soares

Lay Soares é uma das vocalistas da banda curitibana Simonami. Já entrevistamos sua irmã, Lillian aqui no blog e agora é  vez dessa jovem compositora e interprete falar de sua relação com a música e de seus projetos. 

D&CB: Antes de tudo, agradecemos de coração por ter reservado um pouco do seu tempo para nos responder. Conte-nos um pouco sobre como foi o início de sua relação com a música e qual a importância da mesma em sua vida?
Lay Soares: Minha relação com a música foi sendo construída desde a infância. Minha família adora cantar os hinos antigos do "cantor cristão" (hahahaha!) Minha vó pegava o cantor, sentava na cama e se deixasse cantava o dia inteiro. Papai acordava a gente cantando alto pela casa toda também  (hehe) Conforme a gente foi crescendo, eu e a Lilian fomos nos envolvendo mais com o louvor na igreja e perdendo a vergonha de cantar na frente de um monte de gente. Com o tempo a Lilian foi conhecendo músicas novas, estilos novos mais fora do nosso contexto e eu peguei carona. A gente ia de Hansons a Bjork! (risos) Enfim... a música foi criando corpo e fazendo parte da minha história, cada música que eu ouvia em determinada época, se eu ouço hoje, cada uma delas me leva pra um momento da minha vida ou pra uma sensação que eu já tive antes. A música é importante pra mim porque é a maneira que eu encontrei de entender o mundo e de me fazer ser entendida por ele.

Você é uma das vocalistas do Simonami e uma das principais dividindo voz com sua irmã Lillian. Como funciona essa interatividade e como o Simonami influencia sua dedicação a música?
Bom, eu e a Lilian somos irmãs né, crescemos juntas e descobrimos muitas coisas juntas também, como a nossa voz. Pode parecer meio brega mas, nossas vozes reconhecem uma à outra, então a dinâmica acaba fluindo naturalmente, cantamos juntas desde sempre (hahaha). Nossas vozes são familiares, por isso as vezes mesmo sem ensaiar, sem saber como vai ser, as nossas vozes acabam brincando juntas de um jeito incrível! No palco, ou no ensaio é bonito ver isso acontecer, porque a gente se olha e já sabe o que uma vai fazer. Bom, a Simonami tem cinco cabecinhas pensantes ali, cinco compositores, cinco estilos diferentes e isso é muito louco porque pelo discurso de cada um eu consigo ter uma noção do lugar que a música ocupa na vida deles e da maneira como ela ocupa, isso me instiga a repensar a minha perspectiva, a maneira como eu componho, como eu canto, como eu estudo música, como eu interpreto ela num show, enfim, a Simonami acaba me incomodando (no bom sentido) me fazendo pensar no que eu quero com a música, o que eu quero passar com as coisas que eu escrevo, que som eu quero produzir... essas coisas. 


Alguns blogs e sites colocam a Simonami como parte do novo movimento da música cristã (ou crossover), e a "Jóia pra Alegria" do primeiro EP de vocês e "Conjura", composição da Lillian, expressa pontos cristãos interessantes. Como integrante da banda, como você ver essa posição midiática?
Olha, nem sei se a gente realmente faz parte de algum movimento (hahaha). Jóia pra Alegria (do Alexandre) e Conjura (da Lilian) são músicas que falam sobre a vida, sobre o que a gente viveu, sobre as merdas que aconteceram com a gente e sobre as conclusões que tiramos delas. Acho que como a gente é cristão e viveu nesse mundo aí, acaba sendo inevitável falar de Deus quando a gente fala de vida, assim como sei lá... a Karol Conká fala do Erê na música dela, mas isso não significa que ela faz parte de um novo movimento da música do candomblé :) É só ela falando do que ela conhece, do que acredita, do que ela vive, igual a gente.


Suas composições são - em sua maioria - pessimistas e versam sobre conflitos internos e situações decisivas. Algumas são bem conhecidas pelo público através da sua conta do soundcloud. De onde vem a inspiração pra essas canções e como você explica esse lado "sombrio" nas letras?
(Risos) Esse lado "sombrio" se chama vida! Eu não considero minhas canções como sendo pessimistas, elas são realistas (haha). A gente vive numa sociedade que prega a felicidade como se esse fosse um jeito saudável de viver, sempre com um sorriso costurado na cara independente da dor que você esteja sentindo. O sofrimento é saudável também. Chorar, sentir dor, tentar entender a dor, expressar a tristeza, isso tudo é recomendável, melhor do que guardar, reprimir e sair por aí felizinho dizendo que tá tudo bem. O ser humano é composto dessa dicotomia, alegria e tristeza, prazer e dor, morte e vida. Não dá pra um excluir o outro. A morte, o sofrimento,  a "bad", não são coisas sombrias, fazem parte daquilo que a gente chama de viver, e a música faz com que eu enxergue beleza nisso, faz com que eu veja que eu não sou a única que vive, que existem pessoas que cantam a minha música porque vivem uma vida também, cheia de coisas boas e de coisas ruins. Se você vive conflitos internos, e transita por essas questões, isso significa que você está vivo.

Como você ver o cenário undergroud atual?
Sou uma leiga nesse assunto de underground. O que eu vejo é muita banda independente com um som foda se virando por aí pra conseguir um espaço nas cenas por aí, e seguir o estilo que a banda curte. Ultimamente eu tenho conhecido uma galera massa que tá aí nos mesmos corres, se ferrando pra caramba, indo em show cilada, tentando se descobrir, mostrar o som. Gente nova, carne fresca, banda que eu nunca tinha ouvido na vida, de tudo quanto é estilo! Isso é bonito de ver. Ver que coisa nova tá surgindo aí, uma galera tentando novos projetos musicais, experimentando as coisas, descobrindo os sons... enfim. Não sei de nada, tô aqui só experimentando esse momento, tentando fazer parte disso mostrando minha cara por aí também. (hahahaha)

Recentemente você foi convidada para dá uma palestra em um evento musical online sobre composição. Como foi feito esse contato e qual seu sentimento em relação a palestra?
Poxa, uma situação completamente nova pra mim! O querido do Gustaf Rosin, vocalista e guitarrista da Moldar, veio com essa proposta de que eu falasse nesse congresso online sobre a minha experiência artística nesse meio musical e eu aceitei logo de cara sem nem saber direito como seria (risos)! Agradeço imensamente por ele ter confiado em mim pra palestrar no 1º Congresso Nacional de Composição e Criatividade Musical (CONAMUS), é muita responsabilidade! Ele me explicou tudinho, tirou minhas dúvidas de iniciante e eu peguei mais confiança pra falar do que eu tenho pra oferecer. Eu fico muito muito muito feliz de poder participar de um evento tão importante e tão grande desse jeito, ao lado de gente grande! Poxa, meu nome tá junto com o do Lucas Silveira, do Felipe Andreoli, do Gustavo Bertoni, com o do Dave Elkins da MAE que foi uma das bandas que eu mais ouvi nessa minha vida! É uma honra enorme participar desse congresso com gente que eu admiro, que eu sou fã (hahahaha)


Ainda sobre suas composições, diga-nos um pouco sobre "Juro que eu tentei" e "O Conselho do Bom Senso", suas novas músicas do soundcloud.
Amo demais essas músicas. Elas são registros de momentos importantes da minha vida e fazem com que eu me veja de outro jeito, como se estivesse me vendo de fora. Falam de como eu me cansei de satisfazer os outros, de tentar alcançar os outros, falam de amor, é claro, e de desamor também. A "Juro que eu tentei" fala da menina que eu decidi alimentar, a jovem, doente, triste. Decidi alimentar um pouco essas sensações porque cansei de ver gente tentando agradar e sair sorrindo mesmo de coração ferido, cansei de gente pedindo pra fulano não chorar como se isso fosse ruim, de gente falando que minhas músicas são "bads" e que eu deveria tentar compor coisas mais felizes.  "Conselho do Bom Senso" eu escrevi pra me dizer  'chega lay, já deu dessa história', o momento que eu passei e a história que essa música esconde precisava de um fim, precisava afundar, então eu fiz ela pra fechar uma história, pra colocar um ponto final num momento.

Pergunta clichê do blog: o que você ouve no dia-a-dia (do nível, tipo, não dá pra deixar de ouvir) e com quem você sonha dividir palco ou composição?
Ultimamente tenho ouvido demaaaaaaais Fickle Friends, Paperwhite, Vulfpeck, Troco em Bala, Great Good Fine Ok, Baiana System, uma misiquinha específica chamada Swept Away do Vanilla, Alice Caymmi, Karol Conka, Flora Matos, e mais um monte aí... Meu sonho é cantar com o Castello Branco, com a Corinne Bailey Rae, com Supercombo, com a Lucy Rose (hahahah) sonhos grandes.

Quais são seus novos projetos musicais solo e/ou com a Simonami?
Bom, a Simonami tá mais sossegada agora, então as ideias são várias. Ando pensando em soltar uma coletânea com tudo que eu já produzi até o momento. Eu, a Lilian e o Jean estamos com umas ideias loucas aí pra nós três também (risos) só isso que eu posso dizer :P

Lay, obrigado pela simpatia e pedimos que deixe uma mensagem aos nosso leitores!
Eu que agradeço muitíssimo pelo interesse no meu trabalho! É bonito ver que minhas músicas, e minha visão sobre as coisas tem algum peso ou fazem algum sentido pras pessoas (haha). E aos leitores, eu espero que tenha conseguido satisfazer as curiosidades sobre a Simonami, sobre mim, sobre música :) 
Um Abraço!

sábado, 17 de outubro de 2015

"A-ha! Aqui estão vocês!" - Análise (da expectativa e) do show do a-ha em Recife, 2015

TEXTÃO À VISTA! :)

08-10-2015.

Que dia, meus amigos, que dia!

Ou melhor, que noite.

A uns 5 anos atrás, o trio musical de noruegueses mais famoso anunciava seu fim. O A-ha, banda formada lá nos anos 1980, faria sua turnê mundial de despedida em 2010. E passaram pelo Brasil, inclusive. Vieram ao meu estado, inclusive. E à minha cidade, inclusive. E eu não fui! :'( :'( :'(

Vou explicar-lhes uma situação: eu sou fã da banda. Pra ser mais específico: não querendo desmerecer as pessoas em geral, mas eu sou fã de música. Da mesma maneira que a maioria das pessoas é super fã de livros, filmes e séries, eu me dedico a ouvir e analisar música (e fazer, eventualmente, assim como tem gente que lê bastante e por isso escreve muito melhor que eu). E, apesar de ainda me faltarem muitas horas de audição de música pra me considerar um cara minimamente conhecedor de música, eu sou fã do A-ha. (parabains, Phil)

Por que eu falei de não querer desmerecer as pessoas em geral? Porque a maioria da turma, em geral, vai a lugares que tem música não pela música em si, mas por qualquer outra coisa. Exemplo: baladas e festas por aí; a música é sempre a mesma (no meu caso, Pernambuco, é sempre o forró estilizado de sempre e um DJ qualquer entre uma banda e outra), é geralmente ruim (opinião própria), e quase ninguém se importa com a música, mas a música é apenas uma tentativa de quebrar o silêncio e criar uma ambiência pra curtir o momento, desestressar da semana, flertar um pouco, encher a cara, etc. E eu odeio fazer isso, pra mim música tem que ser ouvida, tem que se dar atenção a ela.

Magne, Morten e Paul: a-ha
Mas voltando ao foco do texto: sou fã do A-ha. Isso veio desde 2005. Explicarei em breve a história lá no meu blog pessoal (algo que lhe salvará tempo de ler um textão se você resolver continuar aqui mesmo) (mas espero que você seja curioso e vá lá ler :D ). Eles são noruegueses, a banda se formou em 82 (mas consideram o início em 85, quando lançaram o primeiro álbum) e de cara foram sucesso na Europa. E por serem uma banda antiga e internacional, conforme o tempo passa é complicado esperar os caras virem ao Brasil. Eles fizeram muito sucesso aqui, muito mesmo (ainda bem) mas mesmo assim, suas turnês são mundiais e a gente tem que ter paciência.

O fato é que a banda, de 82, durou até 94. Eles acabaram mesmo. Mas, ainda que a contragosto, se apresentaram no Nobel em 98, e resolveram voltar; daí, foram de 2000 até 2009, quando anunciaram uma turnê de despedida (Ending on a High Note), que terminaria em 2010. Dessa vez pareciam que iam acabar mesmo, afinal eram 25 anos de estrada, rostos e vozes desgastadas, uma bagagem grande na vida. E de fato vieram ao Brasil, e à minha cidade. Mas afinal, qual o motivo do meu choro lá em cima? É que eu não fui pro show em 2010! Eu tinha 16 anos, ok, mas eu gostava muito da banda. E saber que viriam a Raincife (tava chovendo, Morten até ficou resfriado) mas não poder ir foi ruim. Imagine sua banda favorita anunciar um show em sua cidade a um preço razoável de ingresso mas você não pode ir? :(

Então, a esperança morreu ali pra mim. E pra um monte de gente. Só restou ouvir a banda ao longo dos anos. Reviver os álbuns, etc... 

...até quem no final de 2014 saiu um super anúncio no Jornal Nacional: O A-ha vai se apresentar no Rock in Rio. :O

Cara, tipo... a reação inicial foi TENHO QUE COMPRAR ESSE INGRESSO E ESSAS PASSAGENS JÁÁÁÁ. Eu realmente queria ir. E tinha amigos(as) que iriam junto! Pilhei mesmo. Fiquei frustradão quando descobri que não seriam a atração principal (que foi Katy Perry! argh), mas ainda fiquei querendo ir, até que, navegando nas interwebs, achei outra notícia... o A-ha vai fazer uma turnê pelo país após o Rock in Rio...  E VAI PASSAR EM RECIFE.

MEU. JESUS. AMADO.

Fiquei até assustado. Cara, sério? A-ha está de volta mesmo? Daí eu entendi que era não só um show, mas uma turnê de um álbum novo, Cast in Steel (muito bom por sinal, mas só ouvi faz pouquinho tempo). E pilhei de novo. Comprei ingresso, alguns amigos e minha família morreram de vontade mas ninguém podia ir, então eu meio que fui representando eles lá. Os dias passavam e a expectativa aumentando, até chegar essa bela quinta-feira. (um obrigado a minha amiga Consthanza que também é super fã deles e foi comigo lá.)

O show foi incrível, pra falar a verdade eu custei a acreditar que eu realmente estava ali próximo da banda. Mas cantei as 20 canções o mais alto possível -- mesmo as mais recentes! Vamos ao setlist e um breve review de cada faixa:

The Wake: canção nova, do álbum Cast in Steel. Essa eu não conhecia :P
I've Been Losing You: clássica! Álbum Scoundrel Days bem representado logo de cara. Após o silêncio inicial da canção desconhecida, o povo cantou em coro, especialmente o refrão, e a ficha de que eles realmente estavam ali começou a cair, finalmente.
Cast in Steel: faita-título do novo álbum, bela canção, de verdade!
Cry Wolf: WOOO OOOO, TIME TO WORRY! :P Essa eu gravei! Tá no final do post, confere lá.
Move to Memphis: uma de minhas favoritas, tirada do álbum de 1993, Memorial Beach (controverso e de um período chato dos integrantes, se separaram um ano depois).
Stay on These Roads: essa eu mandei pro meu Instagram. Outra clássica! Faixa-título do álbum de 1988. Canção muito bonita, a letra é encantadora e a música só faz o conjunto ser perfeito! *-*
Scoundrel Days: A mais rock'n roll do show, amei essa versão ao vivo. Por isso gosto tanto de coisas ao vivo, às vezes os truques de estúdio enganam e a música não tem o peso e a ênfase que deveria ter, e ela não soa tão rock no álbum, parece um pop qualquer. Um viva aos lives!
Crying in the Rain: canção de Carole King, famosa pelos Everly Brothers, A-ha regravou em 1990 e daí por diante todos a amam também. (detalhe pra um monte de gente lá na plateia chorando mesmo sem estar chovendo... ops :x )
We're Looking for the Whales: pelo visto, o álbum Scoundrel Days de 1986 entrou em peso nessa turnê (mesmo 2015 sendo aniversário de 30 anos do álbum anterior a ele), e essa faixa mais pop e não tão conhecida teve seu lugar no show. E eu gosto muito dela :D ou seja, fui um dos únicos a ficar dançando e cantando ela em meio a 16 mil pessoas, hehe.
Sycamore Leaves: um rock mais stoner, faixa bem trabalhada, classicão! Também de 1990. O peso dessa foi bem trabalhado, gostei pra caramba.
Hunting High and Low: preciso mesmo falar dessa?
The Swing of Things: Outra favorita minha, outra de 1986, outra letra que bate fundo na alma.
Forest Fire: mais uma nova, essa é mais animadinha, gostei bastante de ouvi-la no Rock in Rio. Sem querer ser herege, ela me lembra muito Take On Me.
You Are the One: clááássica! Uma das mais aclamadas pelos fãs, divertida, dançante (mamãe que o diga), gostosa de ouvir e cantar (pra alguém, inclusive).
Foot of the Mountain: faixa-título do então último álbum, de 2009, que me fez suar pelos olhos quando descobri que iriam acabar a banda de vez.
Soft Rains of April: aí sim, fomos surpreendidos novamente. Essa faixa eu ouvi pouco na minha caminhada de fã, então fiquei na minha. Mas aí o show acabou...

até voltarem com:

The Sun Always Shines on T.V.: preciso mesmo falar dessa? (2)
Under the Makeup: essa é nova! Muito linda! Olha, pra mim ela merecia uma vaga numa novela da Globo. Sério! Eu a ouvi ainda antes do Rock in Rio (porque eles liberaram essa faixa pra galera ouvir) e consegui aprendê-la a tempo :D
The Living Daylights: tão clássica que a turma às vezes esquece que foi tema de 007. E geralmente a mais divertida e agitada nos shows, desde o primeiro DVD que assisti. Magne empurra mesmo a galera, até Morten se solta um pouco. E aí o show acabou, de novo...

mas claro que faltava...

Take on Me: PRECISO MESMO FALAR DESSA? Voltaram pra cantar o maior sucesso de todos os tempos, uma das músicas clichês dos anos 80, e a única que a maioria cantou (as outras eles só filmaram, rsrs).

Lembra quando eu falei que odeio quando a música não tem a atenção que merece? Essa foi a única raivinha que tive nesse show, porque a imensa maioria das pessoas cantou 4 ou 5 no máximo... o resto foi só filmar, umas palmas aqui e ali, e etc. Quer dizer, foram pelo hype? Pelo status de dizer que estiveram onde o A-ha tocou? Pra preencher o Instagram? Sei lá. Até meus pais, que pouco sabem inglês, conheceriam mais canções que muitos daqueles presentes. Mas essa raivinha passou logo, porque preferi me concentrar em curtir a presença de uma de minhas bandas favoritas de todos os tempos.

E mais uma coisa: entendam que eu falei faixa por faixa, mas é lógico que não é fácil fazer um review de show, porque não é fácil transmitir a atmosfera do lugar e a energia da banda no palco. Então fiz o que pude nas descrições acima! ¯\_(ツ)_/¯ Mas o show foi muito bom. 2 horas de duração. O som estava muito bem ajustável, a banda teve uma performance impecável, mas a voz de Morten... isso era o que todo mundo tinha medo. O fato é que a voz dele não é mais tão cheia e forte como foi antes (pô! 30 anos cantando, é lasca), mas a entonação e a imposição da voz continuam perfeitas. O conjunto todo da obra, na verdade, soou ainda melhor do que a banda em 2010 (que como eu disse eu não vi ao vivo aqui, mas vi o DVD lançado). É quase como comparar suco de uva fresco, colhido no pé (início da banda) com um vinho antigo e suave (agora): ambos são bons, cada um com suas características, mas a essência da uva estará sempre lá, e a essência do A-ha estará sempre lá, não importa o caminho que eles percorram.

Até a próxima, A-ha. E voltem sempre que puderem. Eu e mais 16 mil estaremos prontos pra lotar aquela casa de show novamente.
(Ou quem sabe, 60 mil em um estádio... vocês são capazes disso, já colocaram 198 mil no Maracanã!)



A-ha - "Cry Wolf" | Recife, 08.10.2015.
O melhor dia do ano. :D